Infarto do Miocárdio – Proteção Miocárdica

É estimado que no Brasil 350.000 pacientes sofrem infarto agudo do miocárdio (IAM) ao ano. A completa e rápida reperfusão da circulação coronária esta associada com melhora da sobrevida; todavia, a mortalidade no primeiro mês pós-infarto ainda é de 5% a 10%. Estudos experimentais sugerem que a reperfusão miocárdica possa resultar em efeitos deletérios tais como morte dos miócitos, injúria microvascular, miocárdio atordoado e arritmias cardíacas (J Am Coll Cardiol 1993;21:537-45). Os prováveis mecanismos da injúria de reperfusão são (1) formação de radicais livres (2) alterações da homeostase intra-celular de cálcio (3) recrutamento de neutrófilos (4) ativação de complemento (5) disfunção endotelial (6) distúrbios hidroelétrico celular e (7) alterações da matrix colágena extra-celular (J Am Coll Cardiol 1993;21:537-45). Estudos multicêntricos estão avaliando terapêuticos adicionais para tratamento do IAM que possam ter impacto importante sobre o dano causado ao músculo cardíaco, reduzindo significantemente a morbidade e a mortalidade nestes pacientes.

O estudo AMISTAD (Acute Myocardial Study of Adenosine) com 236 pacientes com diagnóstico de infarto do miocárdio ântero-lateral ou com dor precordial isquêmica prolongada (30 minutos) associada a bloqueio de ramo esquerdo sem bloqueio atrio-ventricular no eletrocardiograma de repouso mostrou significante redução do tamanho do infarto no grupo tratado com adenosina associada à terapia trombolítica (J Am Coll Cardiol 1999;34:1711-20). A partir deste resultado, houve a necessidade de se iniciar a segunda fase do estudo (AMISTAD II), cujos objetivos principais são avaliar a ocorrência de insuficiência cardíaca (IC) nas primeiras 24 horas após randomização e/ou re-hospitalização por IC durante o acompanhamento e/ou morte. O estudo COMPLY (Complement Inhibition in Myocardial Infartion Treated with Thrombolytics) avaliará aproximadamente 1000 pacientes em 45 centros com acompanhamento médio de oito a dez meses. O objetivo primário do estudo é determinar se o tratamento do IAM, com seis horas de evolução do início dos sintomas, com pexelizumab (anti-corpo monoclonal anti-C5) associado a terapia trombolítica é superior à terapia trombolítica isoladamente em reduzir o tamanho do infarto.

Na Unidade Clínica de Coronariopatia aguda do InCor-HC/FMUSP, o Prof. Dr. José Carlos Nicolau orienta e coordena os estudos AMISTAD II e COMPLY. A equipe formada pelos médicos assistentes: Prof. Dr. Carlos Vicente Serrano Junior, Prof. Dr. Roberto Kalil Filho e pelo Dr. Roberto Rocha Giraldez desenvolve também estudos desenhados no InCor com objetivos similares aos grandes estudos multicêntricos.


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